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O AC Cobra foi um carro esporte desenhado e produzido no Reino Unido durante a década de 1960 pela AC Cars, uma fabricante especializada na produção de automóveis, e uma das mais antigas montadoras independentes fundada na Grã-Bretanha.
A AC Cars utilizava o refinado motor Bristol de 6 cilindros em linha em sua produção de pequena escala, incluindo o Roadster de dois lugares AC Ace lançado em 1953. Sua carroceria era construída à mão com um chassi tubular de aço, e os painéis da carroceria eram em alumínio moldado. O motor era um projeto da BMW do período pré-guerra, considerado ultrapassado na década de 1960. A Bristol decidiu descontinuar esse motor em 1961, passando a utilizar motores Chrysler 313cid (5,1 L) V8, com isso a AC passou a utilizar os motores 2,6 litros do Ford Zephyr em seus carros.
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Carroll Hall Shelby (11 de janeiro de 1923/10 de maio de 2012) Designer automotivo, piloto de corrida e empresário americano.
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Em setembro de 1961, o piloto americano aposentado das corridas e designer automotivo Carroll Shelby entra na história, ele escreveu para AC perguntando se poderiam construir um carro para que fosse instalado um motor V8; o motivo era que os motores Bristol para o carro esportivo AC Ace de dois lugares foram descontinuados.
Shelby propôs à Chevrolet o fornecimento dos motores, mas a resposta foi não, o motivo foi de não aumentar a concorrência para o Corvette. No entanto, a Ford disse sim, ela queria um carro que pudesse competir justamente com o Corvette, ofereceram um motor totalmente novo, o motor Windsor 3,6 litros V8. inicialmente foram duas unidades para teste.
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Em janeiro de 1962, os mecânicos da AC Cars projetaram o protótipo “AC Ace 3.6” com número de chassi CSX2000.
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AC Ace 3.6 – A fabricante já havia feito várias modificações necessárias para o V8 de bloco pequeno quando instalou o motor Ford Zephyr 6 em linha, incluindo o amplo retrabalho da carroceria dianteira do AC Ace. Para concluir, a modificação da extremidade dianteira do primeiro Cobra do “AC Ace 2.6” a caixa de direção foi movida para trás, abrindo espaço para o motor V8 mais amplo. A modificação mais importante foi a instalação de um diferencial traseiro mais forte devido ao aumento da potência do motor. Concluídos os testes e as modificações, o motor e a transmissão foram removidos e o chassi foi transportado em avião para Shelby em Los Angeles finalizar o carro.
CSX 2000/CSX 2001 – AC exportou carros completos, pintados, menos motor e caixa de câmbio, para Shelby, que terminou os carros em sua oficina em Los Angeles, instalando o motor e a caixa de câmbio. Um pequeno número de carros também foi concluído na Costa Leste dos Estados Unidos por Ed Hugus na Pensilvânia, incluindo o primeiro carro de produção, o CSX2001.
No final de 1962, Alan Turner, engenheiro-chefe da AC, completou uma grande mudança no design da frente do carro para acomodar direção de cremalheira e pinhão. O novo carro entrou em produção no início de 1963 e foi denominado Mark II. A cremalheira da direção foi emprestada do MGB, e a nova coluna da direção veio do Fusca. Cerca de 528 Cobras Mark II foram produzidos de 1963 a 1965.
O Excremento – Shelby adaptou um motor Ford FE maior, de 6,4L no número de chassi CSX2196. Infelizmente o carro não aprovou, o foco era tirar a coroa da Ferrari na classe GT. Ken Miles correu com o Mark II com o motor FE em Sebring, ele declarou que o carro era impossível de dirigir, batizando-o de “O Excremento” (na verdade era chamado de cocô). Um dos motivos era a suspenção e os amortecedores. O CSX2196 foi revisado em Nassau, isso permitiu que os Cobras funcionassem com um protótipo para desenvolver o Ford GT40.
Cobra 427 – Aposentando o Mark II, um novo chassis foi desenvolvido e chamado de Mark III. O novo carro foi projetado em cooperação com a Ford em Detroit. Um novo chassi foi construído utilizando tubos de 4 polegadas (ao invés de 3″) e suspensão por molas, também tinha paralamas mais largos e uma entrada de ar maior para o radiador. Foi equipado com o motor Ford 427 de (7.0 L) com 425cv, atingindo a velocidade máxima de 262 km/h, isso no carro convencional, já o modelo de competição tinha 485cv e atingia 288 km/h de velocidade final. O Cobra Mark III começou a ser produzido em janeiro de 1965; dois protótipos já haviam sido enviados aos EUA em outubro de 1964, para finalizar na oficina de Shelby. Embora fossem automóveis impressionantes, o carro foi um fracasso financeiro e não vendeu bem. Para economizar custos muitos Cobras foram equipados com uma versão mais barata do motor de 427cv, visando o uso em estradas, e não em competições. Um total aproximado de 300 carros foram enviados aos EUA entre 1965 e 1966. Devido ao fracasso do Cobra 427, em 1967 a Ford e Carroll Shelby interromperam a importação dos carros da inglaterra.
O Mark III não foi homologado para as competições em 1965. Entretanto muitos foram utilizados por independentes, vencendo várias corridas por toda a década de 1970. Curiosamente, 31 carros de competição que ainda não tinham sido vendidos, foram “despreparados” e comercializados como versões de rua, e nomeados S/C (semi competition, semi competição). Hoje eles são as versões mais raras e mais valiosas, podendo ser vendidos por mais de um milhão e meio de dólares.
AC 289 Sports – A AC Cars continuou produzindo o AC Roadster na Europa até o final de 1969. Era um carro mais simpes, com molas helicoidais, para-lamas estreitos e um pequeno motor com bloco Ford 289.
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CSX 2093 – Apenas oito carros foram modificados com o pacote Dragonsnake, desenvolvido por Shelby para maximizar o desempenho das corridas de arrancada. O carro pertencente a Jim Costilow e pilotado pelo drag racer Bruce Larson, dominou as classes A / SP, AA / SP, B / SP e C / SP da NHRA em 1964. Ele estabeleceu todos os novos recordes na temporada de 1965 e ganhou os NHRA Springnationals, Winternationals e US Indy Nationals naquele ano. O Cobra teve tanto sucesso que ofuscou o irmão Dragonsnake que era patrocinado pela fábrica de Shelby.
Slalon Cobra – Projetado para eventos de auto-cross, apenas dois exemplares foram produzidos. Ambos tinham pintura externa branca com faixas vermelhas e interiores de couro vermelho.
Cobra Super Snake – Em 1966, Carroll Shelby embarcou na missão de criar a “Cobra para Acabar com Todas as Cobras”. Ele teve uma versão S/C convertida em um modelo especial que foi chamado de Super Snake. Como o objetivo da missão revela claramente, este Shelby se tornaria o mais rápido e brutal de todos, graças em grande parte à adição de Twin Paxton Superchargers. O CSX 3303 foi dado ao comediante Bill Cosby, seu amigo íntimo. Quando Cosby tentou dirigir o CSX 3303, ele descobriu que era muito difícil mantê-lo sob controle; mais tarde, ele contou a experiência em seu álbum de comédia stand-up de 1968, 200 MPH . Cosby devolveu o carro a Shelby, que o despachou para uma das concessionárias de sua empresa em San Francisco, a S&C Ford na Van Ness Avenue. A S&C Ford então o vendeu para o cliente Tony Maxey. Maxey, sofrendo dos mesmos problemas que Cosby, perdeu o controle e caiu de um penhasco nas águas do Oceano Pacífico, eu lí em um site que o proprietário veio a falecer.
Shelby usou seu CSX 3015 como carro pessoal ao longo dos anos, uma das joias da coleção pessoal que ele possuía desde o dia em que foi montado em março de 1966, até sua morte em maio de 2012. O CSX3015 foi leiloado em 22 de janeiro de 2007, no evento Barrett-Jackson Collector Car em Scottsdale, Arizona, por mais de 5 milhões de dólares, um recorde para um veículo feito nos Estados Unidos.
A intenção de Shelby desde o início, era construir um “Pega-Corvette”, e com quase 500 kg a menos do que o Chevrolet Corvette foi exatamente isso que aconteceu. O Cobra foi um carro esportivo de grande sucesso e um dos motivos para a implementação de limites de velocidade no Reino Unido. Um AC Cobra Coupe atingiu 185 milhas (296 km/h) na rodovia M em 1964, dirigido por Jack Sears e Peter Bolton durante testes de desempenho antes da prova de 24h de Le Mans daquele ano. Mas o carro também foi causador de inúmeros acidentes naquela época, devido ao seu alto desempenho de velocidade.
Em um esforço para melhorar a velocidade máxima ao longo da lendária Mulsanne Straight nas 24 Horas de Le Mans, uma série de variações coupé foram construídas usando o chassi leafspring e o equipamento de corrida do AC/Shelby Cobra Mark II. O mais famoso e numeroso deles foram os Shelby Daytona Cobra Coupes. Seis foram construídos, cada um sendo sutilmente diferente do anterior.
Depois de muitas idas e vindas na produção dos Cobra, o que não vou relatar aqu,i senão a história fica muito longa. A Autokraft fabricou um carro de continuação AC 289 chamado Autokraft Mk IV, e em 1986 comprou a AC Cars e produziu o AC Mk IV Cobra. No Salão de Genebra de 1990, um novo modelo foi apresentado, mais leve e com potencia de 370cv. Até 1996 a Autokraft produzio 480 unidades de todos os modelos.
Em 1996, a empresa foi adquirida pela Pride Automotive. Dois novos carros estilo ‘Cobra’ foram lançados em 1997, o ‘Superblower’, um carro com carroceria de alumínio com um Ford V8 superalimentado de 4.942 centímetros cúbicos e um mais barato ‘Carbon Road Series’ (CRS) com um corpo de fibra de carbono, foram produzidos entre 1997 e 2001.
Em 2017, a edição AC Mrk1 260 Legacy foi lançada em uma produção limitada de nove carros. Também foi lançado o AC 378, uma nova versão de corpo composto do Cobra.
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Queridos leitores, quando me aventurei escrever a matéria sobre o Cobra, não imaginava que seria tão complexa, o fabricante AC passou por diversos proprietários e as polêmicas foram muitas. Nessa trajetória do carro, tiveram vários modelos e protótipos, alguns que nem chegaram às ruas, se eu detalhasse tudo aqui, a matéria ficaria sacal e muitos perderiam o interesse na leitura. Confesso que pensei em desistir, até eu fiquei confuso com tantas informações. Espero que tenham gostado e conhecido um pouco deste que foi e ainda é um clássico admirado e cobiçado por muitos. Ufff cansei.
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Fonte de consulta> Wikipédia e sites relacionados
Fotos meramente ilustrativas
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Matéria de
Marcus Vinicius
diretoria@gasolinanaveia.com.br
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Revisão de
Jaderson Gomes
suporte@gasolinanaveia.com.br
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19/outubro/2021
Adorei a reportagem, também tenho um cobra
Ficou otima
Parabéns pela matéria. Excelente!!! Contém informações relevantes, inclusive para mim que sou cabeça de gasolina, trabalhando no segmento automotivo – montadoras, concessionárias, imprensa esportiva e treinamento especializado – desde 1971. Forte abraço!