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James Clark Jr., conhecido como Jim Clark, apelidado de “O Escocês Voador” foi um piloto de automobilismo, nascido na Escócia em 4 de março de 1936, sagrado duas vezes Campeão Mundial de Fórmula 1.

Clark é reconhecido como um dos maiores talentos do esporte a motor e um piloto versátil, capaz de competir em categorias de Stock Car (NASCAR), carros de turismo, ralis, corridas de resistência, a conhecida 24 Horas de Le Mans e nas 500 Milhas de Indianápolis, sendo o vencedor em 1965. Ficou conhecidos ao conduzir o primeiro carro de motor central para ganhar na legendária “Brickyard”.

Até 2019 foi o único piloto a ganhar as 500 Milhas de Indianápolis e a Fórmula 1 no mesmo ano. Outros pilotos, incluindo Graham Hill, Mario Andretti, Emerson Fittipaldi e Jacques Villeneuve também ganharam ambas as coroas, mas em anos diferentes.

Clark foi particularmente associado com a marca da equipe Lotus.

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Trajetória nas pistas:

O pequeno Jim teria aprendido a dirigir sozinho ao observar o pai. Consta que aos 8 anos ele já dirigia o carro da família na pequena propriedade agrícola de seus pais. Como era muito pequeno, as pessoas não o viam ao volante, e no começo muitos pensavam que o carro andava sem qualquer motorista. Impossível saber se essa história, publicada pela revista Seleções em dezembro de 1965, é verdadeira. Mas ela é emblemática para a compreensão da figura de Clark, um garoto que começou a se interessar por corridas aos 15 anos, participando de eventos amadores de rali já aos 17.

Esse interesse cada vez maior do adolescente por carros e corridas alarmava sua família, que considerava essa atividade um passatempo para imbecis. A consternação familiar aumentou mais ainda, quando Clark anunciou, de maneira ousada, que queria ser piloto. Era um jovem tímido obediente aos pais, mas desta vez o amor pelas corridas falou mais alto. Segundo seu próprio depoimento em 1964, já campeão mundial, quando anunciou seu interesse em ser piloto de corridas, Clark passou por ironias e ofensas pelas pessoas da vizinhança, chamado de “idiota local”. Mas Clark persistiu, e aos 20 anos, em 1956, com a idade mínima exigida na época em seu país, começa a participar de competições oficiais.

Sunbeam Mk3

Sua primeira corrida aconteceu em 3 de junho de 1956 pilotando um Sunbeam Mk3 de sua propriedade, venceu o Stobs Camp Sprint, evento dos chamados “carros de passeio”. Clark participou até 7 de outubro um total de 8 corridas. Além de seu Sunbeam, Clark correu com um DKW Sonderklasse, cedido pela equipe de Ian Scott Watson.

DKW Sonderklasse

Naquele tempo, era comum existirem equipes “pequenas”, nas mais diferentes categorias automobilísticas, a de Scott Watson era um exemplo típico. O mesmo DKW Sonderklasse foi usado por Clark em sua primeira corrida na temporada de 1957, terminando em 4º lugar. A segunda corrida do piloto só aconteceria em primeiro de setembro, onde voltou a usar o seu Sunbeam. Em outubro, Clark pilota um Porsche 1600s para a equipe de Scott Watson. No total, o escocês disputou 7 eventos em 1957, vencendo dois.

Nos seus dois primeiros anos como piloto, Clark disputou 15 corridas, número pequeno perto das 42 corridas que disputou em 1958. A partir de então, até 1967, sua última temporada completa, correu sempre mais de 30 corridas por ano. O motivo dessa mudança foi que no início Clark ainda priorizava o serviço na fazenda dos pais, sentindo que seu futuro como piloto de corridas ainda estava incerto.

A pressão da família e da comunidade local era cada vez mais forte, mas um convite, no já citado ano de 1958, para correr pela equipe Border Rievers, representa um alento para as pretensões do piloto. Mais estruturada que a equipe de Scott Watson, a Border Rievers foi considerada por Clark como uma verdadeira escola. Em maio de 1958 ele participou de 2 eventos num mesmo dia com 2 carros diferentes na pista de Spa-Francorchamps, sendo uma corrida pela equipe de Watson, enquanto a segunda pelo time Border Rievers.

24 Horas de Le Mans – 1959

No final de 1958 conhece Colin Chapman, participando em 26 de dezembro de sua primeira corrida com um modelo Lotus, o Elite, fornecido pela fábrica para o time de Scott Watson. Jim Clark ia vencer, quando seu carro foi atingido por um concorrente. Clark acabou em segundo, atrás do próprio Chapman, que pilotava outro Elite. Pilotando o mesmo carro, em sua primeira participação nas 24 horas de Le Mans, em 1959. Clark fez dupla com o experiente John Whitmore, que após a corrida declarou: “Pensei que iria ensiná-lo, mas fui eu que aprendi”. Clark e Whitmore correram na categoria GT 1500. Poderiam ter vencido em sua classe, mas uma série de contratempos determinou o segundo lugar entre os carros da GT 1500, além de um décimo lugar na classificação geral.

Fórmula Junior – 1959

No final de 1959 disputou uma corrida de Fórmula Júnior, hoje Fórmula 3. Foi sua primeira corrida com um carro de Fórmula. Após 50 vitórias em Ralis, subidas de montanha, speed trials, corridas de carros esporte e carros turismo, Clark começa a correr nas categorias monoposto (ou “de Fórmula”), mantendo sua participação em outros tipos de competição automobilística.

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Em 1960 a sua primeira prova na Fórmula 1

1960

 O nível do desempenho de Clark foi considerado muito bom em relação aos demais pilotos e ótimo para um estreante, mas, entre os que o conhecia a avaliação foi que ele rendeu menos do que poderia, mesmo sendo iniciante na categoria. Entre os pilotos que corriam de Lotus, Clark inicialmente largava sempre em último, só aos poucos se tornaria o piloto mais rápido da Lotus.

Jim Clark correu o mundial de Fórmula 1 de 1960 com um Lotus 18, equipado com motor Climax.

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1963Jim Clark & Colin Chapman 

Em 1963 a história foi outra: Clark se tornou o então mais jovem campeão, aos 27 anos, além de bater ou igualar muitos recordes de uma temporada: 7 vitórias, 7 poles, 6 voltas mais rápidas (igualando Ascari em 1952), 73 pontos absolutos (54 válidos), 9 pódios (até então recorde, e também recorde de pódios consecutivos). O desempenho fez parecer que o Lotus 25 era um carro muito superior em 1963. Impressão falsa, ele foi uma máquina “um pouco melhor” que a concorrência no balanço do ano, Clark é quem fazia a diferença.

1963

Na abertura do campeonato, em Monte Carlo, Clark perdeu a liderança para Graham Hill na largada, mas recuperou 18 voltas depois. O “Escocês voador” liderou por 60 voltas, até a caixa de câmbio do carro quebrar. Após o GP de estréia, Clark venceu as 4 corridas seguintes consecutivamente, e mais impressionante, com o mesmo jogo de pneus. Na Alemanha, usando pelo quinto GP os mesmos pneus, e com problemas no motor, chegou em segundo com muita dificuldade.

(essa não é a Rainha, tá)

Parecia que o campeonato de 1964 seria igual ao de 1963: Clark dominava o GP de Mônaco na abertura da temporada, quando um pneu furado o fez perder posições. O Escocês fez uma genial corrida de recuperação e estava em segundo a quatro voltas do final, mas, o motor de seu Lotus estourou. Mesmo assim ficou em quarto. Na sequência venceu na Holanda e na Bélgica, onde largou em sexto por problemas com o câmbio nos treinos: Clark, mesmo não tendo carro para acompanhar seus principais concorrentes na prova (Dan Gurney e Graham Hill) que estavam mais rápidos pararam por pane seca. Neste ano Clark terminou o campeonato de F1 em 3º lugar. Ao todo em 1964 ele participou de 47 corridas. Ao final do ano, Clark recebeu das mãos da Rainha Elisabeth II a OBE (Ordem do Império Britânico).

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1965

Na temporada de 1965, Clark participou pela primeira vez da Copa da Tasmânia, campeonato de 8 corridas disputadas na Austrália e Nova Zelândia (metade em cada país) em janeiro e fevereiro. Era uma competição automobilística muito importante na época. Jim foi campeão, e também do campeonato francês de Fórmula 2, venceu corridas importantes de carros esportivos, turismo e outras competições. Teve um desempenho ótimo em corridas importantes que acabou não vencendo, como o Tourist Trophy, (válido para o mundial de marcas), a Corrida dos Campeões e as 200 Milhas de Riverside (conhecida também como Times Mirror GP) e conquistou seu segundo título na Fórmula 1, com 6 vitórias em 9 corridas disputadas (de um total de 10). Para correr em Indianápolis, Clark abriu mão de participar do GP de Mônaco, na mesma data.

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Na Fórmula 1 de 1966 ficou em sexto lugar e em 1967 em terceiro.

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1968 – A tragédia

Tudo levava a crer que viria um terceiro título de Fórmula 1 e uma segunda vitória em Indianápolis. Clark detinha na época quase todos os recordes da Fórmula 1 e estava muito perto de alcançar o de pontos e o de frequências ao pódio, pertencente a Fangio.

Mas em 7 de Abril de 1968 durante uma corrida da Fórmula 2 em Hockenheim, Alemanha, Jim Clark morreu quando seu carro saiu de curso e bateu em algumas árvores. A causa do acidente nunca foi definitivamente identificada, mas investigadores concluíram que um pneu traseiro vazio foi a causa mais provável. A morte do escocês foi um grande golpe para a Lotus e para a Fórmula 1.

Foi Clark quem tornou famosa a equipe Lotus, ajudando o time de Colin Chapman a estabelecer os alicerces na Fórmula 1 moderna. O campeonato de 1968 foi vencido pelo seu companheiro de equipe, Graham Hill.

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Melhores resultados em corridas

  • Campeão do Mundo de Fórmula 1 – 1963 +1965 (vice-campeão em 1962).
  • Corridas de Fórmula 1 – 72, Vitórias: 25, Poles Positions: 33
  • Grand Slams de Fórmula 1 – 8 poles, vitória, volta mais rápida, liderou todas as voltas
  • 24 Horas de Le Mans 1960 – 3º colocado
  • Campeão das 500 milhas de Indianápolis em 1965 (vice-campeão em 1963 + 1966).
  • Campeão Britânico de Carros de Turismo 1964
  • Tasman Series Champion 1965, 1967 e 1968.
  • Campeão da Fórmula 2 em 1965

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Matéria de

Marcus Vinicius

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Revisão de

Jaderson Gomes

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06/março/2023

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