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O 147 foi o responsável por começar a trajetória da marca FIAT no Brasil, produzido entre 1976 e 1986, inspirado no FIAT 127 italiano.
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O INÍCIO DA FIAT NO BRASIL
Na década de 1960 a empresa italiana FIAT Automobili S.p.A. despertou interesse em instalar uma fábrica no Brasil. No final de 1969 a empresa adquiriu um terreno na cidade industrial de Contagem em Minas Gerais para implantar uma fábrica de tratores. Em maio de 1971 iniciou a fabricação de tratores FiatAllis, numa joit-venture entre a FIAT e a Allis-Chalmers.
Os primeiros rumores sobre a implantação de uma fábrica de automóveis da FIAT no Brasil surgiram em novembro de 1970, durante a visita de seus diretores ao país. Em 1973 o presidente mundial da FIAT Gianni Agnelli veio ao Brasil e assinou o contrato para a implantação da fábrica de automóveis FIAT em Betim, Minas Gerais. Agnelli anunciou para a imprensa que a futura fábrica seria responsável pela construção do modelo 127.
FIAT 127
Projetado pelo engenheiro Dante Giacosa e pelo designer Pio Manzù, o FIAT 127 foi pensado para revolucionar o conceito de carro popular e substituir o FIAT 850. O modelo foi apresentado em 1971 nos Salões do Automóvel de Paris e Londres. O FIAT 127 venceu o prêmio “Carro Europeu do Ano” em 1972. O piloto de Fórmula 1 José Carlos Pace testou o automóvel no Circuito de Vallelunga em 1973 em uma apresentação para a imprensa brasileira.
TESTES DE RESISTÊNCIA
Após o anúncio de Gianni Agnelli, a FIAT enviou alguns modelos 127 para testes de 1 milhão de quilômetros no Brasil. Os testes foram realizados na Bahia, Minas Gerais e São Paulo, em trajeto urbano e rural. Diversos problemas foram constatados: a suspensão era frágil para nossas estradas, a carroceria precisava ser reforçada e todo o sistema de vedação precisou ser reprojetado, a poeira invadia o veículo, incluindo o habitáculo. O motor original do 127 possuía apenas 900 cm3 e taxa de compressão 25% maior que a média dos motores utilizados em automóveis no Brasil. Os primeiros 127 importados tiveram problemas de desempenho por conta da gasolina brasileira ser inferior a utilizada na Europa. Os técnicos da FIAT tinham como referência o Volkswagen Fusca, veículo líder de vendas no Brasil e conhecido por sua robustez, fácil manutenção e baixo custo.
NASCE O FIAT 147
A FIAT anunciou que o primeiro veículo seria produzido em Betim no final de 1976, com capacidade de 150 mil veículos/ano, número posteriormente aumentado para 190 mil/ano. O 127 reprojetado foi concluído em 1974. A FIAT optou por rebatizar o veículo como FIAT 147, o nome da versão de exportação do 127.
O primeiro veículo produzido pela fábrica de Betim foi concluído em julho de 1976 e apresentado oficialmente no X Salão do Automóvel em 18 de Novembro de 1976. Foram expostas 15 unidades do FIAT 147, pintadas em cores diferentes e inclusive protótipos do 147 movidos a álcool, sendo o primeiro veículo movido a álcool em todo o mundo.
PRODUÇÃO
A expectativa do mercado de autopeças era que a FIAT se instalasse no ABC Paulista, local de 90% da indústria automotiva nacional até então. A instalação da FIAT em Minas Gerais teve de lidar com problemas e atrasos no fornecimento de peças impactando a produção. Seis meses após o início da produção, a FIAT tinha muitas unidades do 147 aguardando o fornecimento de para-choques e vidros para serem concluídas e comercializadas. Apesar do crônico problema de fornecimento de peças, haviam vinte mil pessoas na fila esperando para adquirir um 147. A FIAT afirmava que até junho de 1977 atingiria o ponto de equilíbrio entre oferta e procura do 147. No final do primeiro semestre de 1977 já haviam sido vendidos 35 mil veículos e a FIAT preparava as primeiras exportações do 147 para o Paraguai.
QUATRO RODAS
Em novembro de 1976 a Revista Quatro Rodas divulgou os resultados do seu teste completo realizado com o 147. Considerado econômico e de suspensão estável, o 147 alcançou a velocidade de 136,3 km/h em sua melhor passagem, aceleração de 19,47 segundos de 0 a 100 km/h e atingiu uma média de 12, 68 km/l, a 85km/h em estrada, atingiu 14 km/l enquanto que o consumo subiu consideravelmente a 130km/h com 9 km/l. O motor de 55cv foi testado e mesmo nas piores condições apresentou funcionamento adequado.
O MELHOR MOMENTO DO FIAT 147
No final de 1977 haviam sido vendidas mais de 70 mil unidades do 147.
Em 1978 a FIAT lançou quatro modelos:
- Furgoneta – lançado em janeiro, era um 147 sem as janelas laterais traseiras, destinado ao transporte de carga de até 420 quilos
- 147 L/GL
- Pick-up/City – primeira picape de baixo custo do Brasil
- Rallye – versão esportiva com motor 1.3
Ainda em 1978 o 147 foi escolhido o “Carro do Ano” pela revista Auto Esporte. Ainda assim, a produção do 147 estava distante do divulgado por Agnelli, que falava em 190 mil automóveis por ano.
Após 3 anos de lançamento, o 147 passou por sua primeira reestilização. A principal característica do projeto foi o redesenho da frente, com mudanças nos faróis, que no primeiro modelo sofriam com a facilidade de furtos, grade e para-choques. A nova frente, desenvolvida na Itália, foi batizada pela Fiat de “Europa”
Em 1980 a FIAT entrou no mercado de peruas e lançou a Panorama, com base na plataforma do 147.
ÁLCOOL
O 147 foi o primeiro automóvel brasileiro movido a álcool fabricado em série. Os primeiros com motor 1.3 foram adquiridos pelo governo brasileiro e por empresas públicas, sendo entregues em agosto de 1978. entre 1978 e agosto de 1979 foram fabricadas 11.015 unidades e vendidas para o governo federal, governos estaduais e dezenove empresas públicas.
DECLÍNIO
A reação do mercado nacional indicava que a FIAT estava com um projeto envelhecido enquanto as concorrentes apresentavam novidades. Visando estancar a queda nas vendas, a FIAT reestilizou o 147 com a versão Spazio, lançou do sedã Oggi como novidade e acelerou o novo projeto de carro mundial batizado de Uno, lançado no Brasil em 1984.
Em dezembro de 1986 a FIAT anunciou o encerramento da produção da linha 147. Naquele momento o 147 era considerado uma plataforma defasada e estava em contínua queda de vendas desde 1979. Em 1979 o 147 representava 90,5% da produção da FIAT e em 1986 sua participação havia caído para 11,2%.
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Matéria de Marcus Vinicius
diretoria@gasolinanaveia.com.br
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04/03/2024
Vinicius, espetacular sua narrativa sobre os FIATS .valeu meu amigo .PERFEITO.
Fantástica a história. Parabéns meu amigo.