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A história do Fusca é uma das mais longas, o projeto envolveu várias empresas e até mesmo o governo da Alemanha

Alguns pontos são obscuros ou mal documentados, já que inicialmente não se tinha ideia da importância histórica do projeto; também muitos detalhes perderam-se com a devastação causada pela Segunda Guerra Mundial.
No início da década de 1930, a Alemanha era assolada por uma dura recessão e a maioria de suas fábricas eram especializadas em carros de luxo, montados à mão, e muito caros. Desde 1925 um conceito básico semelhante ao que viria ser o Fusca já existia (foto acima), obra do engenheiro Béla Barényi.
Nesta mesma época os Tatra ganhavam as ruas da Tchecoslováquia, aerodinâmicos, resistentes e bonitos, possuíam motor traseiro refrigerado a ar, chassis com tubo central e eram obra do engenheiro austríaco Hanz Ledwinka, um conterrâneo e amigo do futuro projetista do Fusca. Na foto acima o Tatra 87, que seria rapidamente descontinuado em favor do Fusca.
Então, entra em cena Ferdinand Porsche, um conceituado engenheiro da época, que também tinha os seus planos para o VolksAuto, que em breve começariam a ser postos em prática. Ele recebeu uma encomenda da Wanderer (parte da Auto Union, atual Audi) para uma linha de sedãs de luxo. O projeto resultante era um pouco semelhante ao design do Fusca. Simultaneamente a Zündapp, fabricante de motos, decidiu se arriscar na produção do carro popular alemão. Eles encomendaram ao escritório de Porsche a construção de um protótipo, nascia assim o Typ 12 (acima, foto da réplica); foram produzidos apenas três exemplares. Com a falência da Zündapp, um dos parceiros, o projeto foi  abandonado e os carros produzidos não sobreviveram à guerra.
Em 1933 mais uma tentativa frustrada, a NSU tentou entrar no ramo automotivo, mas por falta do capital necessário desistiu. No entanto, Porsche já havia aprimorado o seu projeto, e o modelo da NSU acabou ficando bem semelhante ao Fusca que conhecemos. Um dos três protótipos produzidos está em exposição no museu da Volkswagen (foto acima).
Comecei esta matéria com a frase: “A história do Fusca é uma das mais longas”, já escrevi bastante e até agora o carro não exite, põe longa nisso. Mas ela começa a tomar forma nas mãos de Adolf Hitler, isso mesmo, entusiasta por carros desde a juventude, Hitler via com bons olhos a ideia do carro do povo, rapidamente deu sinal verde  ao projeto. O escolhido para desenvolver este projeto, não poderia ser outro senão Ferdinand Porsche, e em junho de 1934, deu-se o início dos trabalhos para a produção do tão esperado carro popular alemão, uff.
Finalmente em outubro de 1936 quatro protótipos, foram entregues à RDA (Associação de Fabricantes de Automóveis Alemães) para os testes, sendo que dois dos carros estavam equipados com o motor que acabaria sendo escolhido para o Fusca. Em três meses cada um deles rodou 50 mil quilômetros , enfrentando os piores terrenos. Para satisfação de Porsche, o relatório final da RDA aprovara o projeto. Os problemas ficaram apenas no freio, que ainda era a varão, e o virabrequim (girabrequim), que quebrava com frequência.
Em 1937 foram produzidos trinta modelos pela Daimler-Benz e financiados pela RDA, conhecida como VW30, muito semelhante ao produto final. Esses modelos foram submetidos a testes ainda mais severos, chegando os trinta em conjunto a rodar 2,4 milhões de quilômetros nas mãos de membros da SS, a tropa de elite de Hitler.
Em 15 de agosto de 1940 o primeiro KdF Wagen deixou oficialmente a linha de produção, agora com nome interno “VW Typ 1”. Até 1944 apenas 640 deles seriam produzidos e todos entregues a elite do Partido Nazista.
Após a Segunda Guerra, a região que ficava a fábrica do Volkswagen, ficou na zona controlada pelos britânicos, que sem saberem exatamente o que fazer com a fábrica, acabaram por reativar a produção em agosto de 1945, produzindo carros para as forças de ocupação e para o serviço público alemão, até 1948, quando foi devolvida aos alemães.

O FUSCA CHEGA NO BRASIL

Finalmente chegamos no Brasil.  No dia 11 de setembro de 1950 desembarcaram no porto de Santos 30 Volkswagens do modelo conhecido como “Split Window”, com vidro traseiro dividido em dois.

Em 2019 comemoramos 60 anos de produção do Fusca no Brasil

3 de Janeiro de 1959, data da produção do primeiro Fusca no Brasil, na época chamado de Sedan.

Em abril de 1953 o governo do Brasil proíbe a importação de veículos montados, com isso  a Volkswagen se instala em São Paulo assumindo a montagem do Fusca, que passa a ser importado todo desmontando em caixas, chamadas de kits “CKD” (Completely Knocked Down), até 1959, ano em que o carro passa a ser oficialmente produzido no Brasil num total de 8.406 unidades, com 54% de peças nacionais.
A partir daí a evolução do Fusca no Brasil não parou, citamos algumas modificações como: 1967 passa a contar com motor de 1300cc, até então era o 1200cc; 1968 sistema elétrico de 12 volts; 1970 ganha cintos de segurança, extintor de incêndio e motor de 1500cc, apelidado de Fuscão; 1973 novos faróis de perfil reto; 1974 é lançado o 1600S, chamado de Besourão; 1975 o lançamento do 1300L; 1979 alteração das lanternas traseiras, em tamanho maior, apelidadas de Fafá; 1980 foi a vez do 1300 a álcool; 1984 sai de linha o motor 1300, permanecendo apenas o 1600cc; 1986 a VW encerra a produção do Fusca; 1993 por sugestão do então Presidente da República Itamar Franco, o Fusca volta a ser produzido, permanecendo até 1996, ano da série comemorativa denominada de “ouro”, com o carinhoso apelido de “Itamar”. Durante estes três últimos anos foram produzidos aproximadamente 47.000 carros.
O único país que permaneceu produzindo o Fusca, foi o México até 2003, onde sua aceitação entre os taxistas deu-lhe uma sobrevida surpreendente. Porém, novas leis de emissão de poluentes mexicanas decretaram o fim do carro, e o último foi enviado para o museu em Wolfsburg.
O Fusca foi produzido durante 65 anos num total de 21.529.464 unidades, números que fazem dele o modelo único mais produzido do mundo em todos os tempos.
Independentemente das vendas o Fusca se tornou aos poucos um clássico cultuado por uma legião de admiradores, com os modelos mais antigos sendo bastante procurados por colecionadores e aficcionados.

ESSAS a gente não sabia:

 O primeiro emblema da VW aplicado no Fusca era uma referência à Cruz Suástica, usada em um curto período e a marca não se refere a ele
O Fusca Cabriolet foi fabricado na Alemanha entre 1948 e 1980, totalizando 331.868 unidades
Apesar de ser conhecido no Brasil como Fusca, Fusquinha, Fuscão, somente em 1984 veio o batismo oficial de “Fusca”, até este ano o nome correto era VW Sedã
O Encontro Nacional do Fuscas realizado em Interlagos em 1995 reuniu 2728 carros, esse acontecimento está registrado no Guinness Book, o Livro dos Recordes
Na Inglaterra e Estados Unidos o fusca é chamado de ‘Beetle, que em inglês significa besouro. Na Espanha o carro é chamado de Escarabajo, que também significa besouro
 25 pessoas dentro de um Fusca, o fato aconteceu em 2000 na Áustria
Há quem diga que este é o Fusca mais antigo em circulação, produzido em 1942 na Alemanha
Este é  Wolfgang Paul Loofs, alemão naturalizado canadense, e seu Fusca 1955. Os dois juntos deram 3 voltas na terra. A primeira viagem foi do Canadá até a América do Sul, durou cerca de 196 dias e mais de 60.000 km, 42.000 por terra e 19.000 por água, em balsas ou barcos. Daí para a Europa, atravessou a América do Sul em seu Fusca, o oceano Atlântico de navio e grande parte da Europa novamente em seu carro. A terceira viagem partiu dos Estados Unidos em um navio em direção a África, fez a maior parte do seu percurso novamente por terra, atravessou toda África, velejou para Austrália, atravessou todo o país australiano de carro e novamente velejando voltou aos EUA pelo Oceano Pacífico, foram 183 dias de jornada e 60,8 mil km rodados. Uff cansei….
Este valente exemplar de 1970 participou em 2017 do Baja 1000, competição de off-road extremo que acontece em desertos grandes e remotos desde 1967
O pequeno valente foi protagonista de diversos filmes no cinema, séries de TV e novelas. Sem dúvida o mais famoso  foi o 53, apelidado de Herbie na série de filmes “Se Meu Fusca Falasse”
Atenção, se você tem uma história interessante com seu Fusca e quer participar desta reportagem, mande um texto com fotos para o e-mail suporte@gasolinanaveia.com.br e divulgaremos aqui.

 

Fontes de consulta: Wikipédia e sites relacionados
Fotos meramente ilustrativas

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Matéria: Marcus Vinicius

Revisão: Jaderson Gomes

 

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Comments

  1. Bem interessante a história…já quero um fusca…embora meu marido tem um amarelo no qual foi de noiva pra o casamento. Turbo..kkk

  2. Parabéns Vinicius pela belíssima reportagem sobre o nosso imortal Fusca. Gostei demais da matéria por ser objetiva e ao mesmo tempo trazendo novas informações sobre a trajetória do nosso amado carrinho.

  3. Parabéns pela reportagem
    Tem muitas coisas q eu não tinha conhecimento, e olha q temos três fuscas na família kkkkk
    Vivendo e aprendendo.
    Muito legal as suas reportagens, eu leio todas.
    Show de bola!

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