GRAHAM – marca extinta há 80 anos volta a ser notícia

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Os automóveis Graham foram produzidos nos Estados Unidos ente 1927 e 1940, símbolo de qualidade e inovação tanto no design quanto na mecânica. Após o encerramento da produção eles foram aos poucos sendo esquecidos e atualmente desconhecidos por muitos, inclusive pelos aficionados por modelos antigos, restando exemplares apenas nas mãos de colecionadores. Algum tempo atrás a marca voltou as manchetes, nas mãos de um casal de argentinos que estão viajando o mundo a bordo de um Graham 1928 desde 25 de janeiro de 2000 até os dias de hoje. Mas… primeiro vamos apresentar a marca depois falamos dos viajantes.

A MARCA: Os irmãos Graham iniciaram suas atividades empresariais em uma bem sucedida empresa de fabricação de vidros. Posteriormente, em 1919, os irmãos Joseph, Robert e Ray Graham começaram a produzir kits para modificar automóveis Ford Model Ts e TTs em caminhões. Isso levou os irmãos a construir seus próprios caminhões usando motores de vários fabricantes introduzindo a marca Graham Brothers. Em 1925 a Dodge assumiu o controle e produção dos caminhões, contratando os três irmãos para cargos executivos. A marca Graham Brothers sobreviveu até 1929 quando a Chrysler assumiu o controle da Dodge.

Em 1927 os irmãos Graham decidiram produzir seus próprios automóveis, investindo US 3,5 milhões na aquisição da Paige-Detroit Motor Company. Inicialmente a empresa produziu uma linha de carros Graham-Paige com motores de seis e oito cilindros, também uma linha de caminhões leves oferecida sob o nome Paige, logo descontinuada devido ao contrato com a Dodge, de não haver competição entre eles como parte da venda da Graham Brothers Company.

Os automóveis Graham ganharam grande reputação de qualidade devido ao alto nível de produção, aumentando rapidamente as vendas. Graham também teve sucesso nas corridas, o que também ajudou a aumentar as vendas. 

1929 foi o ano do rápido crescimento da Graham com 77 mil carros produzidos e entregues, o que não aconteceu no ano seguinte. Em 1930 a produção caiu para 33,5 mil carros, levando a empresa perder 5 milhões de dólares somente naquele ano.

Resistindo a grave depressão econômica iniciada em 1929 nos Estados Unidos, novos modelos foram introduzidos em 1932, projetados por Amos Northup, apontado como o “projeto mais influente da história automotiva”. O novo motor de 8 cilindros foi chamado de “Blue Streak”, no entanto, a imprensa e o público adotaram rapidamente o nome “Blue Streak” para os próprios carros. Foram introduzidas uma série de idéias inovadoras, as mais relevantes foram os para-lamas fechados, cobrindo assim a lama e a sujeira acumuladas na parte inferior, a tampa do radiador foi posicionada sob o capô e posteriormente foi modificada para ficar na base do pára-brisa.

Em 1935 o estilo “Blue Streak” sofreu uma reformulação nas extremidades dianteira e traseira o que não agradou, os carros pareciam mais altos e mais estreitos. Graham adicionou um novo estilo de front end e revisou os detalhes desses corpos para criar os Grahams de 1936 e 1937.

  Em 1938 tudo novo, o Graham foi introduzido com o slogan “Spirit of Motion” (espírito de movimento). Os pára-lamas, as aberturas das rodas e a grade pareciam estar avançando. O novo design foi amplamente elogiado pela imprensa e designers americanos, também ganhou o prestigiado Concours D’Elegance em Paris, França.

Este modelo recebeu o apelido de sharknose (nariz de tubarão). Vendo o carro, conhecendo a qualidade de produção da marca e os prêmios recebidos, deduzimos que o carro foi um sucesso. Mas não foi, na verdade foi um completo fracasso em vendas. Os números são muito vagos, mas estima-se que entre 1938 e 1940 foram produzidas de 6 a 13 mil unidades.

No esforço de manter os negócios, Graham fez um acordo com a agonizante Hupp Motor Co para a produção do Hupmobile Skylark, usando matrizes da extinta Cord (que rolo), somando apenas 300 unidades produzidas.

Graham produziu simultaneamente o Hupmobile Skylark e um outro modelo chamado Hollywwod, usando as matrizes do Cord.

Para facilitar o entendimento (inclusive o meu) a Cord era a marca de uma empresa americana de automóveis de luxo de Connersville, Indiana, fabricada pela Auburn Automobile Company de 1929 a 1932 e novamente em 1936 e 1937. Conheça a história da Cord acessando o link: https://gasolinanaveia.com.br/cord/

Cerca de 1500 carros Hollywoods foram construídos, o que não impediu o fracasso da empresa, devido as dificuldades de fabricação, foram muitos meses de atraso nas entregas, ocasionando o cancelamento da maioria dos pedidos. A empresa suspendeu a fabricação de automóveis em setembro de 1940, direcionando sua produção para equipamentos militares devido a Segunda Guerra Mundial.

A empresa retomou a produção de automóveis em 1946, produzindo um carro novo de aparência moderna, o Frazer de 1947, o que durou até 5 de fevereiro de 1947, quando os acionistas da Graham-Paige aprovaram a transferência de todos os seus ativos automotivos para a Kaiser-Frazer, uma empresa automobilística formada por Frazer e Kaiser, em troca de 750.000 ações da empresa.

A história do Graham não é muito relevante, realmente continuaria desconhecido por muitos, não fosse esse casal de argentinos que está vivendo uma história digna de um belo filme, conhecendo o mundo a bordo de um Graham Paige 1928. Vamos viajar um pouco com eles:

Herman e Candelária, se conheceram ainda crianças, namoram e casaram, sempre foram fascinados por viagens, o grande sonho era pegar a estrada e viajar o mundo. Então, quando tinham 6 anos de casados partiram em uma aventura que mudaria as suas vidas.

Inicialmente a viagem seria da Argentina até o Alasca, o que seria seis meses levou quatro anos, período em que nasceu o primeiro filho, batizado de Pampa, quem não ficou sozinho por muito tempo, logo vieram o Thue, a Paloma e o Wallaby.

A família já visitou mais de 50 países e passaram por muitas dificuldades como a falta de dinheiro, vistos recusados e dificuldades em transportar o seu veículo em barcos.

Os 4 filhos são educados pela própria mãe e nunca frequentaram a escola. Candelaria diz que é difícil, mas também é recompensador participar de uma forma tão ativa na educação dos filhos. Para se manter na viagem a Candelaria vende suas pinturas e Herman escreveu um livro sobre a história da família intitulado “Atrapa tu Sueño” que eles vendem por onde passam.

A última atualização desta matéria foi em 2020, hoje (05/09/2023) resolvi pesquisar sobre a atual localização da família; em fevereiro de 2022 eles voltaram à Argentina (pelo menos por enquanto); os filhos já estão bem crescidinhos, Pampa tem 21 anos, Tehue 18, Paloma 15, e Wallaby 14.

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28/abril/2020

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