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Em 2023 o VW Brasília completou 50 anos, lançado oficialmente em 8 junho de 1973.
Conheçam a história deste que é o mais brasileiro de todos os carros.
O Volkswagen Brasília foi o segundo carro a ser projetado e construído fora da matriz alemã, o primeiro foi o SP2. O então presidente da Volkswagen do Brasil, Rudolph Leidig, incumbiu os engenheiros produzir uma nova versão sobre o chassi do Fusca, adaptado ao mercado nacional. O modelo deveria oferecer mais espaço, utilizar a mesma mecânica, porém parecer mais contemporâneo. Após uma série de protótipos finalmente José Vicente Martins e Márcio Piancastelli apresentaram o conceito do que seria o modelo final.
O VW Brasília foi produzido entre 1973 e 1982, projetado para aliar a robustez do Volkswagen Fusca, com o conforto de um automóvel com maior espaço interno e desenho contemporâneo. O resultado foi um carro pequeno, de linhas retas e grande área envidraçada. O nome é uma homenagem à capital do país fundada 13 anos antes.
Semelhante a uma “mini-Variant”, com uma versão modernizada da dianteira, era 2 centímetros menor que o Fusca, porém com o mesmo entre-eixos, maior espaço interno, ampla área frontal envidraçada, satisfatório porta-malas dianteiro e uma prática tampa hatchback para o porta-malas traseiro. O design retilíneo da carroceria, com linhas suaves e equilibradas, foi inovador na época. Esta característica privilegiava um amplo espaço interno para os passageiros, algo difícil de se encontrar em carros do mesmo segmento.
No início o Brasília era oferecido somente com motor 1600, alimentado por um único carburador modelo Solex 30, gerando 60cv de potência. Muitos motoristas porém exigiam melhor desempenho e economia do Brasília. Em 1976 veio a resposta da Volkswagen com o lançamento do motor 1600 alimentado por dois carburadores modelo Solex 32, aumentando o torque, a economia de combustível e a potência para 65cv.
Em 1979 foi lançada uma versão com motor 1300 somente a álcool. No entanto, devido ao baixo desempenho e alto consumo de combustível deste motor no Brasília, a versão movida a álcool foi um fracasso de vendas, sendo tirada de produção e permanecendo apenas o motor 1600 a gasolina.
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Linha do Tempo
1974 – Mudança do volante para o modelo plástico chamado “canoa”. A dupla carburação passa a ser um opcional, mas ainda muito pouco requisitado. O Brasília passa a ser produzido na fábrica de Puebla no México.
1975 – As lanternas traseiras passam a ter pisca vermelho e calotas centrais das rodas (copinhos) mudam para a cor preta. Emblema traseiro “Brasilia” perde o VW que o acompanha.
1976 – A dupla carburação passa a ser de série para todos os modelos. Surgem opções de interiores com assentos e laterais de portas em vermelho (muito raro) e marrom (antecipando as versões monocromáticas). É iniciada a fabricação dos modelos 4 portas apenas destinados à exportação para a Nigéria e Filipinas.
1977 – Ano de importantes mudanças em itens de conforto e mecânica. O sistema de freio passa a ser independente nos eixos dianteiro e traseiro, cabeçote de chassis reforçado, tubo de segurança contra impactos frontais no para-choque dianteiro, coluna de direção retrátil, comando do limpador passa a vir em alavanca na coluna de direção, e os comandos da ventilação ganham iluminação. Na parte de estética e conforto surgem as primeiras versões monocromáticas, piso em carpete e bancos com detalhe em veludo, com as opções marrom e preto, painel com acabamento imitação de jacarandá na parte central, instrumentos com visual mais limpo e aros na cor preta. Na parte dianteira desaparecem os “bigodes”, que eram os frisos de alumínio que adornavam o logo VW. O porta luvas ganha uma tampa pela primeira vez.
1978 – Primeira e única re-estilização na carroceria: capô dianteiro com 2 vincos, para-choques mais largos com ponteiras quadradas em plástico, lanternas traseiras maiores e frisadas, desembaçador do vidro traseiro disponível como opcional. Parte central do volante muda de desenho e recebe a inscrição “VW” no canto direito e o acionamento do pisca-alerta deixa de ser por botão passando a ser por alavanca na coluna de direção.
1979 – Surge a versão LS topo de linha, trazendo como itens de série bancos dianteiros com encosto de cabeça integrado, mini console no túnel, vidros verdes, e acabamento sofisticado. Diferencia-se externamente das demais versões pelos frisos nas laterais, rodas e molduras de farol na cor grafite. O emblema traseiro “Brasilia” e “Brasilia LS” começa a ser feito em plástico com fundo preto, assim como o espelho retrovisor em plástico.
Também em 1979 é lançada no Brasil a versão 4 portas com acabamento simples, motor 1600 de 1 carburador, na sua grande maioria para atender taxistas e frotas.
1980 – O painel de instrumentos foi totalmente redesenhado, visando aproximar-se do Passat. Os instrumentos são todos abrigados em um único quadro à frente do motorista. Vacuômetro passa a ser disponível como opcional. Bancos dianteiros mudam de formato e seu encosto de cabeça passa a ser separado do banco. Surgem o lavador elétrico do para-brisa e o temporizador do limpador (opcionais). Versão LS perde as rodas na cor grafite.
1981 – Poucas novidades, apenas o volante herdado do recém chegado Gol e na segunda metade do ano, as lanternas traseiras passam a ter piscas na cor laranja.
1982 – Nenhuma novidade em relação ao modelo 1981, com poucas cores disponíveis. No mês de março encerra-se definitivamente a produção no Brasil. Nesta época contabilizavam-se aproximadamente 950.000 unidades vendidas no mercado interno e mais de 100.000 no exterior mais as 80.000 unidades mexicanas, o que a fez alcançar mais de 1 milhão de unidades produzidas. Neste mesmo ano finaliza a produção do Brasília no México também.
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Curiosidades
Total de vendas: Ano – Quantidade
1973 – 34.320 / 1974 – 82.893 / 1975 – 111.903 / 1976 – 133.003 / 1977 – 149.907 / 1978 – 157.700 / 1979 – 150.614 / 1980 – 88.320 / 1981 – 20.144 / 1982 – 2.400
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Nas pistas de competição o VW Brasília também fez bonito, Ingo Hoffman, com o Brasília da equipe Creditum, correu na extinta Divisão 3 e ganhou o campeonato paulista de 1974 na Classe A (até 1600 cm3).
Ainda em 1974 um Brasília participou do World Cup Rally nas mãos de Cláudio Mueller e Carlos Weck, saindo de Londres, atravessou o Canal da Mancha, passou pela França e Espanha, e novamente cruzou o mar chegando ao Marrocos. Voltou pela Tunísia, Itália, Grécia e chegou em Munique, na Alemanha, suportando um rali que foi considerado dificílimo.
Na Música o grupo “Mamonas Assassinas” imortalizou o automóvel no Brasil com a música “Pelados em Santos”, a música mais conhecidas da banda.
Hoje o Volkswagen Brasília ainda é admirado e cultuado pelos entusiastas do modelo. Dezenas de clubes são organizados com o intuito de preservar e divulgar este que certamente foi o mais brasileiro de todos os carros. Pelas mãos dos colecionadores e restauradores saem verdadeiras obras de arte que enfeitam tanto as ruas quanto os eventos pelo país. Vamos ver alguns:
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Envie a foto do seu VW Brasília para o e-mail suporte@gasolinanaveia.com.br que divulgaremos aqui. (como opcional podemos colocar o nome do proprietário e a cidade)
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Fonte : Wikipédia – Fotos ilustrativas
abril/2020
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Muito bom!!!
Prezado Marcus Vinicius
Excelente reportagem.
Gostaria de acrescentar, se me permite, um detalhe, sobre a grade do cano de descarga da Brasília, que é fina, em 73/74 e é maior a partir de 1975.
Quanto ser VW SP e a Brasília os primeiros carros genuinamente nacionais, eu faria uma ressalva, haja vista o Aerowillys ter também este atributo.
Um abraço
Fabiano
Realmente o VW Brasília é o carro com digital brasileira. Congratulações ao criador da página por manter alimentada a chama dos entusiastas desse veículo, que até os dias atuais, é lembrado e preservado sua história automotiva brasileira.
Reportagem excelente! Parabéns
A Associação VW Brasilia Brasil parabeniza pela reportagem do nosso autêntico carro brasileiro…