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Fabricado entre 1936 e 1938 pela montadora Bugatti o Type 57S(C) Atlantic é conhecido como o modelo de maior prestígio produzido pela empresa durante o período entre guerras e está classificado como um dos automóveis mais valiosos do mundo.
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O autor desta obra-prima foi Jean Bugatti, o filho mais velho do fundador da empresa, Ettore Bugatti. Em 1932 Jean assumiu os projetos da empresa, buscando modernizar o estilo dos carros produzidos e em 1934 introduziu uma série de carros de turismo chamada de Type 57, com aproximadamente 710 unidades. Entre eles estão as unidades Type 57S que ofereciam maior grau de luxo e desempenho.
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A produção
A partir de 1935 a Bugatti construiu um protótipo no total de quatro unidades, batizado de Aérolithe e posteriormente renomeado para Atlantic. Construído sob um corpo feito de elétron, uma liga formada por magnésio e alumínio, leve e resistente. Devido a soldagem de magnésio ser um processo caro e arriscado, podendo o metal explodir em altas temperaturas, os engenheiros da Bugatti encontraram uma solução para prender os painéis de elétrons do protótipo usando rebites, uma técnica retirada da indústria da aviação. Isso acabou levando à evolução de outro detalhe característico do modelo, ou seja, as “costuras” integradas à carroceria.
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Hoje, apenas três dos quatro carros existem, e cada um deles foi restaurado e exibido em museus ou coleções particulares de carros clássicos. Em 2010, um desses carros foi vendido em um leilão em Los Angeles para o colecionador americano Peter Mullin por US$ 30 milhões, tornando-o um dos veículos mais caros já vendidos.
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O americano Ralph Lauren, famoso estilista de moda, possui uma das coleções de carros mais valiosas do mundo, incluindo o último Bugatti Atlantic fabricado, estimado em mais de 40 milhões de dólares.
S – C
Essas duas iniciais representavam especificações para os veículos “Bugatti Type 57″.
A letra ” S ” vem da palavra francesa ” Surbaissé ” para “Perfil Inferior”. Essa opção trouxe um novo chassi, mais resistente e leve, um motor mais potente com acréscimo de 40 cv, mas também um sistema de suspensão aprimorado feito de acordo com os padrões dos carros de corrida da Bugatti.
A letra ” C ” resulta da palavra ” Compresseur ” que definia um sistema de sobre alimentação do motor, uma opção incluída pela Bugatti para aumentar ainda mais a potência dos carros. Apenas duas unidades Type 57S foram originalmente construídas com esta opção, os demais eram modificados a pedido do cliente na Oficina Bugatti.
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Atlantic
O modelo foi batizado em homenagem ao aviador e herói militar francês Jean Mermoz que em 1934, a bordo de um avião Couzinet 70 ” Arc-En-Ciel ” (Arco-íris) cruzou o Atlântico Sul pela primeira vez com uma aeronave, com o objetivo de formar uma companhia aérea direta entre a França e a América do Sul.
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Inicialmente a Bugatti batizou o modelo de produção de “Coupé Aero” em homenagem ao protótipo Aérolithe, nome já estabelecido para os dois primeiros carros construídos. Mas em dezembro de 1936, Mermoz e sua equipe foram declarados desaparecidos durante um vôo de correio no meio do Atlântico. Por ser seu grande amigo, pouco antes da conclusão do terceiro carro, Jean Bugatti renomeou o modelo “Atlantic Coupé”, homenageando assim o aviador francês.
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Existem pouquíssimos registos fotográficos do veículo em questão, sendo conhecidas apenas três fotos tiradas no referido Salão Automóvel de Paris de 1935, e uma tirada nas ruas de Londres, no mesmo ano, onde se pode admirar esta verdadeira “obra de arte rolante” estacionada entre outros veículos da época, por ocasião do London Motor Show.
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Matéria de
Marcus Vinicius
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24/jan/2023
Espetacular! Vi o modelo em uma exposição do Rauph Lauren em Paris, em 2010 ou 2011. Inesquecível. Parabéns pela reportagem.