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Enzo Ferrari, criador da Scuderia Ferrari e de um dos carros mais admirados e desejados de todos os tempos, foi uma pessoa conhecida e respeitada em todo o mundo. Toda fama alcançada por ele foi o resultado de muito trabalho, dedicação e foco. Mas, nem tudo foi só fama e trabalho, ele passou por momentos difíceis e que com certeza poucos desejariam ter a mesma vida.

Enzo Anselmo Giuseppe Maria Ferrari, também chamado de “Commendatore” nasceu em Módena na Itália, em 18 de fevereiro de 1898 e foi o fundador da Scuderia Ferrari e da Fábrica de Automóveis Ferrari. Apaixonou-se pelo automobilismo com apenas dez anos de idade, quando assistiu no circuito de Bolonha a corrida de carros de 1908.

Enzo Ferrari em um Alfa Romeo

Com o apoio econômico dos industriais Augusto e Alfredo Caniato, e do rico piloto amador Mário Tadini, a Scuderia Ferrari, foi fundada em 1929, tornando-se  a equipe de corridas da Alfa Romeo. Essa união durou até 1938, quando a Alfa Romeo decidiu entrar nas corridas com seu próprio nome, a “Alfa Corse”, absorvendo o que tinha sido a Ferrari. Não concordando com esta mudança, Enzo Ferrari entrou em atrito com a Alfa, sendo demitido em 1939. Os termos de sua saída proibiu-o de participar do automobilismo em seu próprio nome por um período de quatro anos.

Enzo e o filho Dino

Depois de muitas dificuldades e muito trabalho, Enzo passou pelo que provavelmente foi o pior momento de sua vida, a morte precoce do filho Alfredino Ferrari, (Dino) em 1956 aos 24 anos. Este fato fez com que Enzo se tornasse uma pessoa amarga e não demonstrava simpatia ou apreço por qualquer pessoa. A partir daí Enzo nunca mais pisou numa pista de corrida e passou a usar os inseparáveis óculos escuros.

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O lendário designer da Scuderia Ferrari, Mauro Forghieri descreveu Enzo:

“Como empresário é excelente, mas como ser humano ele é um zero”.

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Alfredino Ferrari

Dino (Alfredino Ferrari) era o único filho legítimo de Enzo Ferrari. Desde muito novo Enzo dedicou-se na capacitação de seu filho para que ele o sucedesse, Dino estudou em algumas das melhores escolas da Europa.

Dino em uma Ferrari

Em um certo momento, quando já trabalhava na Ferrari, Dino começou a ter problemas de saúde, seus movimentos físicos tornaram-se gradualmente rígidos e muitas vezes tinha dificuldade de manter o equilíbrio, sendo diagnosticado com distrofia muscular de Duchenne. Dino morreu em Modena em 30 de junho de 1956 com 24 anos de idade.

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Laura Dominica Garello Ferrari

A morte de Dino afetou o casamento de seus pais, pois sua mãe, Laura Garello, nunca se recuperou da perda de seu único filho e seu comportamento tornou-se cada vez mais errático e instável. Enzo e Laura permaneceram juntos até a morte de Laura em 1978.

Enzo Ferrari em um Austin Morris Mini

Enzo Ferrari apreciava a discrição e evitava a exuberância dos automóveis que produzia, normalmente usava carros mais simples de marcas variadas. O primeiro modelo que pode ser identificado com ele foi o Ferrari 250 GT 2+2 de 1960.

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Como mencionei no início desta matéria, Enzo Ferrari tornou-se uma pessoa amarga após a morte de seu único filho legitimo, ele colecionou muitos desafetos a partir daí. Muitas das suas histórias não são novidades, mas vamos relatar algumas aqui:

Piero Lardi Ferrari

O segundo filho de Enzo é Piero Lardi Ferrari nascido em 1945 de um relacionamento entre Enzo e a amante Lina Lardi, a qual o acompanhou até o seu falecimento. Como o divórcio era ilegal naquela época, Piero só foi reconhecido como filho depois que Laura, a esposa de Enzo faleceu. Atualmente Piero é o Vice-presidente da Ferrari.

Enzo Ferrari e sua amante Lina Lardi

Laura Garello, esposa de Enzo, no final da década de 1950 começou a ganhar espaço nas tomadas de decisão da empresa. Um dos gerentes de vendas, Girolamo Gardini, que frequentemente discutia com Enzo sobre essa situação declarou que se não tirasse Laura da Ferrari, ele deixaria a empresa. Enzo imediatamente o demitiu provocando insatisfação em grande parte da equipe. Com isso, o chefe de desenvolvimento de carros esportivos Giotto Bizzarrini, o engenheiro-chefe Carlo Chiti, criador do bem-sucedido “Sharknose”, o gerente da Scuderia Ferrari Romolo Tavoni e outras cinco pessoas importantes enviaram a Enzo uma carta assinada para reclamar da frequente intromissão de Laura na equipe. A resposta de Enzo foi rápida, após uma reunião, a secretária de Enzo pediu aos oito funcionários que a acompanhassem até outra sala. Dentro da sala Enzo entregou a cada um deles um envelope com o pagamento em dinheiro e gentilmente apontou para a porta de saída. Esse dia é conhecido no mundo da Ferrari como “The Great Walkout” ,algo como “A Grande Saída“.

Le Mans 1966

Um fato interessante foi o que originou o Ford GT40, ele surgiu de uma disputa entre Henry Ford II e Enzo Ferrari. A Ford queria comprar a fabricante italiana em 1963, mas a Ferrari não queria se afastar das 500 milhas de Indianápolis, o que colocaria as duas marcas em competição direta. O acordo falhou e Henry Ford II prometeu vingança na pista em Le Mans. Com isso o engenheiro Carroll Shelby e o piloto Ken Miles uniram forças para derrotar a Ferrari nas 24 Horas de Le Mans, uma das corridas mais tradicionais e desafiadoras do automobilismo. Foi onde surgiu o apelido “Matador de Ferraris”, dado ao Ford GT40, que acabou batendo a escuderia italiana em quatro Le Mans seguidas.

Enzo Ferrari/Ferruccio Lamborghini

Ferruccio Lamborghini antes de iniciar a produção de carros tinha uma fábrica de tratores. O motivo de Ferruccio idealizar seus carros aconteceu quando ele foi até a fábrica da Ferrari e falou diretamente com Enzo Ferrari que a embreagem do seu Ferrari estava com problemas, além de outras reclamações do carro. Enzo ao constatar o problema na Ferrari de Ferruccio teria dito: “Você é um fazendeiro, podes saber conduzir os teus tratores, mas não sabes conduzir uma Ferrari“. A resposta de Ferruccio foi: “Ah, sim, eu sou um fazendeiro! e vou te mostrar como fazer um carro esportivo, vou fazer um sozinho… e vou te mostrar como um carro esportivo deve ser”!. Neste momento Lamborghini decidiu iniciar a construção de automóveis.

Serenissima nº 24

O “Conde Giovanni Volpi” herdou uma grande propriedade e o título nobre de seu pai, mas seus gostos eram diferentes aos da nobreza, mais voltado para o automobilismo do que para o polo. Volpi criou sua própria equipe de corrida, a Scuderia Serenissima. Ligado diretamente a “Enzo Ferrari”, de quem o Conde comprava seus carros de corrida e com quem mantinha um excelente relacionamento, o que não durou muito. Em 1962 aconteceu o fato que ficou conhecido como a “Revolta do Palácio”, quando um grupo de engenheiros de ponta deixou abruptamente a Ferrari após uma discussão com o patrão (Enzo). Alguns desses ex engenheiros da Ferrari criaram uma nova empresa, a Automobili Turismo e Sport (ATS), para construir carros de corrida, e o Conde os apoiou. Aí a coisa fedeu, quando Enzo soube deste fato, ele recusou-se a vender qualquer novo carro de corrida para o Conde, que ficou em uma posição difícil. Diante disso, o Conde viu-se na necessidade de construir seus próprios carros.

Enzo Ferrari morreu em 14 de agosto de 1988 em Maranello aos 90 anos, a causa da morte não foi declarada. A pedido de Enzo, a sua morte só foi divulgada dois dias depois, o motivo é que Enzo só foi registrado dois dias depois de ter nascido, porque uma nevasca impediu o procedimento.

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Matéria de Marcus Vinicius

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15/junho/2023

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