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A Bianco Automóveis foi fundada por Toni Bianco, um conhecido projetista de carros de competição, também foi quem projetou o primeiro Fórmula 3 brasileiro, além de muitos outros. 

O Bianco foi apresentado no Salão de Automóvel de São Paulo de 1976; foi um sucesso imediato, foram vendidas 180 unidades. Se considerarmos uma produção inicial de 20 carros mensais, realmente foi um sucesso.

Os veículos eram construídos com carroceria em plástico reforçado e fibra de vidro, utilizando mecânica e motores da Volkswagen. Seus principais modelos foram o Bianco S, também conhecido como “Bianco Fúria“, o Série 2 e o Bianco Tarpan.

Realmente os planos da Bianco eram ousados e visavam sua expansão para outros países e continentes. Em 1978 a empresa participou do Salão Internacional do Automóvel de Nova York, lançando o seu novo modelo, o Bianco Série 2. Além de Nova York, a Bianco também fez exibição no Salão da Argentina.

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Bianco S

Bianco S ou Bianco Fúria, foi o “carro chefe” da empresa. Com design esportivo e arrojado para a época; este era o principal atrativo de vendas no seu lançamento em 1976. Sua carroceria era constituída de plástico reforçado e fibra de vidro, com grande para-brisa e para-lamas sinuosos, marca e estilo registrado da empresa, porta-malas dianteiro, além das duas amplas portas laterais e as lanternas traseiras do Opala somados aos quatro faróis redondos na dianteira; o modelo já possuía itens de segurança, como barras reforçadas em caso de capotamento e chapas para proteção de colisões laterais. Produzido artesanalmente, seu volante era em aro de madeira envernizada, além de painel, console e estofamento revestido de couro. Equipado com motor boxer 1600cc, refrigerado a ar de 65 cavalos e dois carburadores de corpos simples, ou seja, plataforma de um Fusca ou Brasília, da Volkswagen. Fazia de 0 a 100 km/h em 17,7 segundos e velocidade máxima de 146 km/h. Olhando pela potência e velocidade máxima, não tinha nada de esportivo.

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Bianco Série 2

Bianco Série 2 ou Bianco SS, foi lançado em 1978 no Salão Internacional do Automóvel de Nova York. Originalmente o modelo manteve as linhas do Bianco S, porém, pequenas alterações externas e internas foram efetuadas, como aberturas para ventilação do motor nas laterais e na saia traseira, e a eliminação das ranhuras no capô, além de melhor vedação contra água e poeira, novos bancos e cintos de segurança de três pontos, entre outros pequenos detalhes.

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Bianco Tarpan

Inspirado em protótipos como Jaguar XJ13 e Ferrari 330 P4

O Tarpan, foi lançado no Salão do Automóvel de São Paulo de 1978 visando o mercado externo (exportação). Para isso, foi necessário adaptar para-choques retráteis, modificando em muito o desenho da dianteira que passava a ter apenas dois faróis, em vez dos quatro anteriores.

Mesmo as linhas frontais terem se tornado mais atualizadas, seu estilo ficou em desacordo com o restante do carro, que sofreu menores alterações. Na ocasião do seu lançamento, foram utilizados motores VW de 1600cc refrigerados a água emprestados do Passat TS, mas ele só apareceu posteriormente no ”Tarpan TS”, além de freios a disco nas quatro rodas.

O modelo Tarpan não foi produzido pela Bianco; a empresa não possuía estrutura para atender a demanda, e assim, vendeu o projeto para a Tarpan Indústria e Comércio de Fiberglass, que o produziu até 1981 e o “TS”, até 1983, com poucas unidades fabricadas.

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Toni Bianco

Ottorino Bianco conhecido como Toni Bianco nasceu na província de Veneza, na Itália, em janeiro de 1930. Com a sua terra natal devastada pela Segunda Guerra Mundial e a falta de oportunidades, mudou-se para o Brasil no início da década de 1950, estabelecendo-se em São Paulo.

Logo começou a trabalhar em uma oficina mecânica no bairro da Bela Vista como aprendiz de mecânico de automóveis. Não demorou muito ele transferiu-se para a oficina dos irmãos Losacco parentes de Giuliano Losacco, envolvido com competições automobilísticas no Brasil. Com Victor Losacco, aprendeu a projetar veículos e o convívio com Chico Landi envolveu-o no meio. Em 1955 ajudou na construção de um carro esportivo para o piloto Celso Lara Barberis. No ano seguinte construiu em parceria com Victor Losacco, um monoposto para o piloto Ciro Cayres.

Chico Landi e Toni Bianco

O sucesso como “encarroçador”, termo usado naquela época para quem fazia carrocerias, já estava consolidado. Em 1959 Toni Bianco vai trabalhar na oficina Tubularte, cujo um dos proprietários era ninguém menos que o grande nome do automobilismo brasileiro, Francisco Sacco Landi, o “Chico Landi“. Os outros sócios eram José Gimenez e Alberto Carraro.  

A Fórmula 1 já era um sucesso consolidado na Europa e por lá começava a surgir uma categoria de monopostos menos potentes, que logo foi chamada de Fórmula Junior. Em 1959, sem ter os projetos, medidas, absolutamente nada… saindo do zero e das poucas fotos, Toni Bianco criou um carro de linhas aerodinâmicas, que recebeu um motor Porsche de 1.500cc, preparado por outro italiano, Giuseppe Perego.

Valendo-se da experiência adquirida com o projeto dos Fórmula Junior, Toni criou o “Gávea”, o primeiro Fórmula 3 brasileiro. Wilsinho Fittipaldi foi convidado a correr com este carro no campeonato do velho continente por conta de sua performance na corrida disputada nas ruas de Rosário, na Argentina.

Em 1971 a pedido da FNM Toni desenhou e construiu o Fúria GT, um belo 2+2 sobre a plataforma mecânica do FNM 2150 levemente encurtada. Equipado com dois carburadores duplos e com a taxa de compressão aumentada para 9,5:1, o carro atingia 130cv de potência. Foi grande a atenção dada ao acabamento e conforto interno; instrumentação completa, console central acoplado ao painel, bancos dianteiros individuais tipo concha reguláveis com apoio para a cabeça, estofamento em couro, vidros verdes e tapetes de buclê. A carroceria, modelada a mão em chapas de aço no protótipo, seria de plástico reforçado com fibra de vidro na versão definitiva. Embora tenha sido apresentado no VIII Salão do Automóvel, em 1972, com planos de produzir 12 unidades mensais, nenhum exemplar chegou às ruas. Em 1974 as atividades da empresa foram encerradas, porém Toni Bianco continuaria a preparar carros de competição e, em 1976 lançou o primeiro automóvel a levar o seu nome, o Bianco S.

Com um sucesso razoável para uma empresa brasileira na década de 1970, a Bianco fechou as portas em 1979 por divergências entre seus sócios. Não temos a informação de quantas unidades foram produzidas neste período.

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Matéria de Marcus Vinicius

diretoria@gasolinanaveia.com.br

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Revisão de Jaderson Gomes

suporte@gasolinanaveia.com.br

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08/JAN/2024

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