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FNM JK 2000, um automóvel cercado de polêmicas, mas que contribuiu, e muito, para a evolução da Indústria Automotiva Brasileira.

Em 21 de abril de 1960, no mesmo dia que se inaugurava Brasília, a nova Capital Federal, era anunciado o novo carro da FNM, totalmente montado com peças e componentes importados da Itália. O nome escolhido foi FNM JK 2000, em homenagem ao então presidente da república Juscelino Kubtischek.

A boa nova durou pouco, especulações negativas em torno do lançamento do FNM JK logo apareceram, questionava-se ser uma decisão imposta politicamente e não fruto de um planejamento estratégico da empresa. Em 1960 visava-se o aumento da nacionalização dos componentes e da produção dos caminhões FNM da série D-11000. Os produtos da FNM deveriam atender as determinações do GEIA, entre elas a obrigatoriedade de uma nacionalização progressiva dos componentes.

O FNM JK nunca conseguiu atingir os índices exigidos, além das denúncias de importação de componentes que já poderiam ser atendidos pela indústria brasileira de auto peças. O controle estatal da empresa também influenciava negativamente, principalmente na constante manipulação política dos cargos de diretoria.

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Vamos falar das qualidades do carro

A tecnologia sobrava: câmbio de cinco marchas, uma novidade no Brasil até então entre os nacionais, duplo comando de válvulas no cabeçote e pneus radiais.

O painel encantava com seu velocímetro sem ponteiro: a velocidade era indicada por uma fita vermelha que corria pelo mostrador.

Banco dianteiro inteiriço, quando reclinado praticamente virava uma cama de casal, nem precisa falar da utilidade.

Nas pistas, o JK chegou fazendo bonito, vencendo provas de longa duração como as 1000 Milhas e 24 Horas de Interlagos, nas mãos de Chico Landi, Christian Heinz, o Bino, e Piero Gancia.

Este mesmo FNM JK encontra-se exposto no “Museu do Automóvel da Estrada Real” na cidade de Tiradentes em Minas Gerais.

Em 1962 as primeiras alterações estéticas e mecânicas do “JK”, o novo modelo “JANGO”, nome que homenageava o então presidente João Goulart; mas seria conhecido apenas por FNM 2000 TIMB (Turismo Internacional Modelo Brasil). Esteticamente foram feitas modificações no capô, onde foi suprimido o ressalto central que acomodava parte do “cuore” da ALFA ROMEO.

Na grade de ventilação frontal foi retirado o friso horizontal existente no modelo anterior. Tanto no para-choque dianteiro como no traseiro, foi mantido o mesmo desenho, apenas as garras foram eliminadas.
Faróis, sinaleiras, frisos e lanternas permaneceram inalteradas. Complementando as modificações, internamente o acabamento ficou mais requintado, volante esportivo, bancos dianteiros individuais e a alavanca do câmbio reposicionada no assoalho.

Aparentemente o novo modelo nunca teve o objetivo de substituir o “JK”, apenas a função de demonstrar a capacidade inovadora da empresa.
A comercialização sob encomenda, somente se deu a partir de 1964, já estando a FNM sob nova direção pós-revolução.

Em 1966, aparece o esportivo “ONÇA”, montado no chassi encurtado pela própria fábrica e utilizando a mesma mecânica do FNM 2000, com ligeiras modificações.

Em 1968 é anunciada a venda da FNM para a ALFA ROMEO o que resultou em um esforço para atualização e melhorias nos produtos da empresa, com o intuito de manter e aumentar a sua participação no mercado brasileiro.

No Salão do Automóvel de 1968, foi lançado o modelo FNM 2150, apresentando marcantes alterações em relação ao anterior. O motor teve a cilindrada aumentada de 1975cc para 2132cc, dando origem ao nome “2150”, com 125 HP. Foi adotada uma nova proposta estética que visava deixar o carro com uma aparência mais “limpa”. Isso foi obtido suprimindo-se o friso lateral que existia no modelo 1968, mantendo-se apenas o pisca-pisca lateral.

Em março de 1974 foi lançado o Alfa Romeo 2300, um modelo fabricado exclusivamente no Brasil, encerrando definitivamente a produção do FNM 2150.

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PRODUÇÃO DO FNM JK 2000

1960    414
1961    454
1962    378
1963    258
1964    161
1965   388
1966    474
1967    714
1968   1115 total: 4356

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PRODUÇÃO DO FNM 2150

1969    555
1970  1209
1971    800
1972   506 total: 3070

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Matéria de

Marcus Vinicius

diretoria@gasolinanaveia.com.br

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Revisão de

Jaderson Gomes

suporte@gasolinanaveia.com.br

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09/09/2021

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Comments

  1. Sou apaixonado pelos modelos FNM JK 2000 e o 2150. Tenho uma vontade de comprar um e atualizar a mecânica, com motor e caixa Alfa Romeo moderno, dando um desempenho melhor e maior confiabilidade, mantendo integralmente a estética visual. Isso seria uma blasfêmia? Gosto de carros antigos, mas que sejam operacionais, para que possamos utiliza-lo, eventualmente, com conforto e segurança.

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